Firmeza e Constância

01/11/2010 08:39

 

FIRMEZA E CONSTÂNCIA

Maria Margarida Moreira

3m@uol.com.br

 

Muitos aprendizes supõem que viver pela fé é, tão somente, executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos, freqüentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, na esperança de que isso seja indicativo de entrada no Reino Celeste.

Mas, chegada a preciosa oportunidade de testemunhar a fé, internam-se os crentes, de modo geral, pelos caminhos largos da fuga, da reclusão entre quatro paredes, evitando o serviço áspero, mas acreditando-se em segurança.

A fé é patrimônio somente daqueles que trabalham sem medir sacrifícios pessoais diários, por instalá-la no santuário íntimo.

Os maus obreiros procuram o repouso indébito, ao invés de cooperarem na seara bendita.

No serviço cristão, lembre-se cada aprendiz de que não foi chamado a repousar, mas à peleja árdua, em que a demonstração do esforço individual é imperativo divino, pela vitória do amor e da verdade, na Terra, porque todos estamos constrangidos a batalhar até o definitivo triunfo sobre nós mesmos pela posse da Vida Imortal.

Cultura e santificação constituem dever para todas as criaturas através do trabalho e da fraternidade.

Auto-aperfeiçoamento é obrigação comum de todos. Busquemos, pois, a elevação de nós mesmos, dentro da ação pessoal e incessante no bem, assim, o Alto nos abrirá os caminhos para a ascensão.

Para isso, o Cristianismo é o campo imenso de vida espiritual a que o trabalhador é chamado para a sublime renovação. Aí, todos os viajores da vida são felicitados pelos recursos indispensáveis à jornada terrestre, com a finalidade de se erguerem, de fato, naquele que é a Luz dos Séculos. Desde então, são exortados a batalhar na grande causa do bem. A rotulagem de Cristianismo poderá ser exibida por qualquer pessoa, todavia, a fé cristã revelar-se-á pura, incondicional e sublime em raros corações, pois, muitos se esquecem de que as necessidades materiais do corpo reclamam esforço pessoal diário, as necessidades essenciais do espírito, também, nunca serão solucionadas pela expectação inoperante.

Não procuremos, portanto, o descanso impensadamente, porque, estejamos convictos de que, muitas vezes, a imobilidade do corpo é tortura para a alma. Busquemos, antes, descobrir, em nós mesmos, o lugar onde repousar em companhia do Mestre.

Por isso, a prece é o nosso refúgio. Façamos dela a indispensável alavanca renovadora que demove obstáculos, melhorando o quadro mental que nos cabe cumprir a tarefa a que o Pai nos convoca, traçando novos rumos para a vida superior. Também, o Senhor e seus discípulos oravam a fim de restaurarem suas próprias forças, para que se sustentassem na lavoura ativa do bem, visto que eles não viveram apenas na contemplação.

No Evangelho, quando o Mestre Divino convida alguém ao seu trabalho, não é para que chore em desalento ou repouse em satisfação ociosa. É para que aprendamos a executar o trabalho em favor da esfera maior, sem nos esquecer de que o serviço começa em nós.

Não faltam recursos de trabalho espiritual a todo irmão que deseje reerguer-se, aprimorar-se, elevar-se. Problemas e obstáculos desafiam o espírito de serviço dos companheiros de fé em toda parte. Com raras exceções, observamos, na maioria das vezes, a fuga, o pretexto, o retraimento. Por isso mesmo é que, muitos espíritos de corpo em corpo, permanecem na Terra, com as mesmas recapitulações durante milênios. Atravessam dias resgatando débitos escabrosos. Porque cada espírito, relacionando-se ao esforço que lhe compete, será compelido a esclarecer a sua qualidade de ação, nos menores departamentos da realização terrestre, onde foi chamado a viver.

“Se o Senhor te chamou, não te esqueças de que já te considera digno de testemunhar”.

Lembremo-nos, então, de que a edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária. O próprio Mestre asseverou-nos que a sublime realização está no meio de nós.

A atividade divina jamais cessa e justamente no quadro da luta benéfica em favor de todos é que o discípulo insculpirá a própria vitória.

Não nos cabe, portanto, a deserção pela atitude contemplativa e, sim, avançar, confiantemente, para o grande futuro.

Para isso, as portas do Céu permanecem abertas. Todavia, para que o homem se eleve, até lá, precisa asas de amor e sabedoria, o que demanda enorme esforço. A fim de concluí-la, recruta-se a contribuição dos dias e das existências.

Muita gente desanima e prefere estacionar séculos a fio, nos labirintos da inferioridade, até que desperte para a sua recuperação através do trabalho santificante no bem.  Mas, os bons trabalhadores sabem perseverar com firmeza e constância, até atingirem as finalidades divinas do caminho terrestre, continuando em trajetória sublime para a perfeição.

 

BIBLIOGRAFIA.

 

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo: Capítulos XIX e XXVII. 2ª edição. São Paulo, 1990.

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XAVIER, Francisco Cândido pelo espírito Emmanuel. Pão Nosso. Lições 84 e 161. 29ª edição. Rio de Janeiro, 2008.

XAVIER, Francisco Cândido pelo espírito Emmanuel. Vinha de Luz. Lições 119 e 177. 33ª edição. 23ª edição. Rio de Janeiro, 2005.

XAVIER, Francisco Cândido pelo espírito Emmanuel. Fonte Viva. Lição 69. 20ª edição. Rio de Janeiro, 1995.