FEB - Federação Espírita Brasileira
Federação Espírita Brasileira
A Federação Espírita Brasileira (FEB) constitui-se em uma das principais entidades representativas do espiritismo brasileiro. Autodenomina-se "casa-máter do espiritismo no Brasil", e se propõe a difundir a Doutrina Espírita no país, além de promover o seu estudo e a sua prática.
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[editar] Missão
Conforme definido em seus estatutos[1], a FEB se propõe a:
- "...promover o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo, com base nas obras da Codificação de Allan Kardec e no Evangelho de Jesus; a prática da caridade espiritual, moral e material, dentro dos princípios espíritas; e a união solidária e a unificação do Movimento Espírita, colocando o Espiritismo ao alcance e a serviço de todos."
A difusão da doutrina é feita principalmente pela publicação de obras espíritas - mais de 39 milhões de livros de 160 autores. A prática é materializada na oferta de serviços assistenciais que visam beneficiar aqueles que buscam conforto espiritual e material. O estudo é promovido atualmente através do programa de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE).
Ainda no tocante às atividades de divulgação, a FEB edita a revista Reformador, um dos periódicos mais antigos em circulação no país, produz os programas de rádio Brasil Espírita e de televisão Terceira Revelação, transmitidos para todo o território brasileiro.
Apesar do caráter de divulgação, não se constitui em órgão de centralização hierárquico das casas espíritas, já que estas são livres para organizarem-se e desenvolver as próprias atividades e estudos. As casas espíritas são livres para se filiar se assim o desejarem, sendo o único pré-requisito para se constituir um centro espírita, o estudo da codificação de Allan Kardec e das inúmeras obras psicografadas no Brasil, em especial pelo médium Francisco Cândido Xavier.
[editar] História
[editar] Antecedentes
As raízes do órgão federativo nacional remontam à publicação, no Rio de Janeiro, então Capital do Império, a 21 de janeiro de 1883, do periódico "Reformador", por iniciativa e às expensas de Augusto Elias da Silva, fotógrafo português radicado no Brasil, e cuja direção intelectual ficou a cargo do Major Francisco Raimundo Ewerton Quadros. Recorde-se que, naquele mesmo ano, o mesmo Elias da Silva promoveu um encontro fraternal de líderes espíritas, em virtude das divergências que grassavam entre os integrantes das instituições espíritas na Capital, à época - o Grupo dos Humildes, a Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, o Centro da União Espírita do Brasil e o Grupo Espírita Fraternidade.
[editar] A fundação
Conjugados esses fatores, em reunião promovida por Elias da Silva, a 1 de janeiro de 1884, fundou-se a Federação Espírita Brasileira, estando presentes, além de Augusto Elias da Silva, Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manoel Fernandes Filgueiras, João Francisco da Silveira Pinto, Maria Balbina da Conceição Batista, Matilde Elias da Silva, Luis Móllica, Elvira P. Móllica, José Agostinho Marques Porto, Francisco Antônio Xavier Pinheiro, Manoel Estêvão de Amorim e Quádrio Léo.
No dia seguinte (2 de janeiro), foi eleita e empossada a sua primeira Diretoria, assim constituída: Major Ewerton Quadros, presidente; Fernandes Filgueiras, vice-presidente; Silveira Pinto, secretário; Elias da Silva, tesoureiro; e Xavier Pinheiro, arquivista. A instituição ficou inicialmente sediada na própria residência de Elias da Silva, o sobrado à rua da Carioca, 120.
[editar] As primeiras décadas
Nos seus anos iniciais, a FEB vivenciou diversas dificuldades quer de ordem administrativo-financeira quer ideológica, no plano interno, e as turbulências políticas e sociais da Capital do país, no plano externo. Como exemplo das primeiras, registrava-se uma cisão no movimento, entre os chamados "laicos" ou "científicos", liderados pelo professor Afonso Angeli Torteroli; e os "místicos", liderados por Bezerra de Menezes. Como exemplo das segundas, após a Abolição da Escravatura (1888) sucedeu-se a Proclamação da República Brasileira (1889) e as comoções vividas pela República da Espada, entre as quais a Segunda Revolta da Armada (1893). Tais circunstâncias resultaram no abandono da FEB por grande parte dos seus membros iniciais, deixando a sobrevivência da instituição a cargo de alguns poucos colaboradores.
Sucedeu a Ewerton Quadros, em 1889, o médico Dr. Adolfo Bezerra de Menezes. À frente da instituição, Bezerra instituiu o estudo sistematizado de O Livro dos Espíritos nas reuniões públicas realizadas no salão da Federação. Em 1890 foi instituído o "Serviço de Assistência aos Necessitados", importante base para a atuação dos médiuns receitistas na instituição. Bezerra foi sucedido no início de 1895 por Júlio César Leal. Vindo este a renunciar após sete meses de gestão, Bezerra aceitou ser reconduzido, reassumindo a Presidência da Federação a 3 de agosto de 1895, cargo que exerceu até à sua morte em 1900. Durante este mandato, foi inaugurada a livraria da FEB (31 de março de 1897), responsável pela edição, distribuição e divulgação da literatura espírita.
Até 1906 a FEB ainda utilizava-se dos serviços editoriais de H. Garnier (conhecido livreiro-editor da época) para a publicação de seus livros.
Após uma dezena de mudanças de endereços desde a sua fundação, a sede própria da Federação foi inaugurada a 10 de dezembro de 1911, na antiga rua do Sacramento (atual Av. Passos, 28-30), no Rio de Janeiro, por Leopoldo Cirne. No ano seguinte (1912), a 3 de maio, era inaugurado na FEB o Curso Gratuito de Esperanto.
[editar] As décadas de 1930 e de 1940
Em 1932, a FEB publicou o seu primeiro grande sucesso editorial: o "Parnaso de Além-Túmulo", que alcançou grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública brasileira. O formato da obra não era novo: seguia os moldes de outra obra cujos direitos a instituição já possuía - Do País da Luz (4 vol.) -, coletânea de mensagens (textos, cartas e poemas) majoritariamente de autores renomados da literatura portuguesa, desencarnados, recebidos na primeira década do século XX pelo médium português Fernando de Lacerda. A autoria dos textos no Parnaso, recebidos pela mediunidade psicográfica do então jovem Francisco Cândido Xavier era predominantemente de figuras da literatura brasileira.
No ano de 1936 registrou-se a criação do Departamento de Esperanto na FEB.
Às vésperas da implantação do Estado Novo (Brasil), em 1937, no dia 27 de outubro, as dependências da FEB foram fechadas pela polícia, vindo as suas portas a ser reabertas três dias mais tarde, por determinação do Dr. Macedo Soares, então Ministro da Justiça.
O período seria marcado, ainda, pela abertura, em 1944, do famoso processo movido pela viúva do escritor Humberto de Campos contra a FEB e Francisco Cândido Xavier, visando receber direitos autorais pretendidos sobre as mensagens psicografadas supostamente atribuídas ao seu finado marido. A partir de então, a entidade passaria a se utilizar do pseudônimo "Irmão X".
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a instituição trouxe à luz a primeira edição de O Livro dos Espíritos em Esperanto (1946). Dois anos mais tarde, em 9 de setembro de 1948 inaugurou o seu Departamento Editorial e Gráfico.
[editar] O Pacto Áureo
O evento que marcou o final da década de 1940 foi a assinatura, a 5 de outubro de 1949, do chamado "Pacto Áureo", considerado o mais importante documento do Espiritismo no país, por significar a unificação do movimento espírita a nível nacional, sob a coordenação da FEB.
Em decorrência da assinatura do documento, instala-se a 2 de janeiro de 1950, no Rio de Janeiro, o Conselho Federativo Nacional (CFN), congregando os representantes das Federações Espíritas Estaduais signatárias. Em função desse esforço, parte para a Região Nordeste do Brasil, a chamada "Caravana da Fraternidade", integrada, entre outros, por Artur Lins de Vasconcelos Lopes, Carlos Jordão da Silva e Leopoldo Machado. Como resultado, ampliou-se o número das federações estaduais adesas.
[editar] De JK aos nossos dias
Finalmente, em 1960, no contexto da transferência da Capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, o então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, declarou a FEB como entidade de Utilidade Pública.
Em 1967, a instituição inaugurou a Seção Brasília, no Distrito Federal (3 de outubro).
Uma década mais tarde, (1977), a FEB instituiu a Campanha de Evangelização da Infância e da Juventude, e publicou "Adequação dos Centros Espíritas para o Melhor Atendimento de suas Finalidades". Essa obra foi seguida, em 1980 pela "Orientação aos Centros Espíritas".
Em 1984 a FEB institui a Campanha do Estudo Sistematizado, lançou o "Manual de Administração dos Centros Espíritas" e transferiu a sua sede para Brasília, em edifício próprio.
Em 1990 foram lançadas as campanhas "Em Defesa da Vida" e "Viver em Família", e lançadas as obras "Comunicação Social Espírita" e "Assistência e Promoção Social Espírita".
O ano de 1996 foi marcado pelo lançamento da página da FEB na internet, em quatro idiomas: português, inglês, francês e espanhol.
[editar] Lista de presidentes
- 1884 - 1888 - Major Francisco Raimundo Ewerton Quadros
- 1889 - Dr. Adolfo Bezerra de Menezes
- 1890 – 1894 - Francisco de Menezes Dias da Cruz
- 1895 (Janeiro) - 1895 (Agosto) - Júlio César Leal
- 1895 (Agosto) - 1900 (Abril) - Dr. Adolfo Bezerra de Menezes
- 1900 – 1913 - Leopoldo Cirne
- 1914 - Aristides de Souza Spínola
- 1915 - Manuel Justiniano de Freitas Quintão
- 1916 – 1917 – Aristides de Souza Spínola
- 1918 – 1919 – Manuel Justiniano de Freitas Quintão
- 1920 - 1921 - Luiz Olímpio Guillon Ribeiro
- 1922 – 1924 – Aristides de Souza Spínola
- 1925 - 1926 – Luís Barreto Alves Ferreira
- 1927 – 1928 – Almirante Francisco Vieira Paim Pamplona
- 1929 – Manuel Justiniano de Freitas Quintão
- 1930 – 1943 - Luiz Olímpio Guillon Ribeiro
- 1943 - 1970 - Antônio Wantuil de Freitas
- 1970 – 1975 - Armando de Oliveira Assis
- 1975 - 1990 - Francisco Thiesen
- 1990 - 2001 - Juvanir Borges de Souza
- 2001 - Nestor João Masotti
[editar] Curiosidades
A FEB já editou mais de 10 milhões de livros de Allan Kardec. Das obras psicografadas pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, foram ultrapassados os 15,5 milhões de exemplares. Destes, Nosso Lar (ditado pelo Espírito André Luiz) é o mais lido, tendo superado a marca de 1,5 milhão de exemplares.
[editar] Entidades Federativas Estaduais ligadas à FEB
Em cada estado brasileiro e no Distrito Federal há uma instituição que, de forma autônoma e independente, integra a Federação Espírita Brasileira para atuação mais direta em apoio aos centros espíritas:
- Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ)
- Federação Espírita Amazonense (FEA)
- Federação Espírita Catarinense (FEC)
- Federação Espírita de Rondônia
- Federação Espírita do Amapá
- Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF)
- Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB)
- Federação Espírita do Estado de Alagoas
- Federação Espírita do Estado de Goiás - fundada em 3 de setembro de 1951
- Federação Espírita do Estado de Sergipe (FEES) - fundada em 5 de novembro de 1950
- Federação Espírita do Estado do Acre
- Federação Espírita do Estado do Ceará (FEEC)
- Federação Espírita do Estado do Espírito Santo (FEEES)
- Federação Espírita do Estado do Tocantins
- Federação Espírita do Estado Mato Grosso (FEEMT)
- Federação Espírita do Maranhão (FEMAR) - fundada em 30 de setembro de 1930
- Federação Espírita do Mato Grosso do Sul (FEMS)
- Federação Espírita do Paraná (FEP)
- Federação Espírita do Rio Grande do Norte (FERN)
- Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS)
- Federação Espírita Paraibana (FEPB)
- Federação Espírita Pernambucana (FEP)
- Federação Espírita Piauiense (FEPI)
- Federação Espírita Roraimense
- União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE-SP)
- União Espírita Mineira (UEM)
- União Espírita Paraense (UEP)
Notas
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Página Oficial da FEB
- Escorço Histórico - Aspectos Marcantes de sua trajetória, por Juvanir Borges de Souza (ex-presidente da FEB).