Entrevista Tânia Cristine Reginato

22/01/2011 09:37

    Entrevista com Tânia  Cristine Reginato.....por Louren Junior

Curriculo

Diretora do Dpto. de Ensino e Coordenadora

dos Cursos Preparatórios do Centro Espírita Casa do Caminho - SANTANA 

 

 

TÂNIA, trace um perfil da sua atividade na Doutrina Espírita.

 

Boa tarde a todos.

Entrei em contato com a Doutrina Espírita através de minha mãe, quando tinha 14 anos. Até então, era católica, apostólica, romana, praticante.

Aos 14 anos, ia ao centro para receber passes, como a maioria e assistia às palestras.

Depois, fiz os cursos de Doutrina, os 5 anos, no Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz. Isso, aos meus dezoito anos. Com 21, comecei a trabalhar no Departamento de Gestantes, fazendo de tudo um pouco. Após os cursos, dei aulas em todos os anos do curso de Doutrina, inclusive no Preparatório. Dei curso de Passes. Fiz curso de expositores de tribuna. Trabalhei nos passes, na doutrinação, na desobsessão, participei de um programa na Rádio Boa Nova, fiz inúmeras palestras tanto no André Luiz quanto aqui, na Casa do Caminho Santana. Meu trabalho, tanto profissional quanto doutrinário sempre foi com a educação. Talvez o meu maior compromisso. Contam-se, então,  uns bons 30 anos de doutrina.

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“A Educação é uma das necessidades básicas para o  desenvolvimento integral do ser humano.”

 

TÂNIA,

 

O que se entende por EDUCAÇÃO ESPÍRITA, a que se processa nas escolas espíritas convencionais ou se estende também a aquelas ministradas nas Casas Espíritas?

 

Educação espírita é toda a educação que forma o cidadão dentro de prinípios espiritas. Seja ela n a educação formal ou na educação

Doutrinária, se ela segue os princípios norteados pela codificação realizada por Kardec da Doutrina dos Espíritos, então, ela pode se chamar educação espírita.

Não podemos no esquecer que a doutrina espírita é, antes de tudo, uma filosofia que norteia nossas vidas. Se estivermos diante da educação no sentido do processo de aprendizagem filosófica, de transformação íntima, de autoconhecimento, dentro dos princípios cristãos, do bem comum, pautados na crença de vidas sucessivas, da reencarnação, do aprimoramento contínuo, da evolução máxima a que todos estamos destinados, falamos de uma educação espírita.

Dentro da educação formal, onde se alfabetiza, onde se desenvolve as capacidades cognitivas da criança, do adolescente e do adulto, se esta escola é norteada pelos princípios espíritas, no atendimento aos escolares e seus funcionários, então podemos dizer que é uma escola espírita, porque sua filosofia norteadora é a filosofia espírita. São poucas as escolas no Brasil que seguem esta escala norteadora.

 

TÂNIA

O ensino da Doutrina Espírita, têm reflexos diretos, na estrutura familiar?

Na melhor condição de vida para o progresso nas relações humanas? Na harmonia e na Paz social?

 

Acho que me adiantei nesta resposta. Como disse anteriormente, quando falamos em educação espírita, falamos acima de tudo de princípios que norteiam nossa conduta diária na relação das pessoas que fazem parte de nossa existência.

Ora, se mudarmos a maneira de lidarmos com os problemas de ordem familiar, se mudarmos nossa ótica diante dos problemas sociais que nos afligem, se transformamos nosso ambiente no trabalho em função da doutrina que professamos, é natural e é esperado que surjam reflexos em nossa estrutura social em uma relação microcósmica e macrocósmica. Ou seja, transforma-se o seio familiar e aos poucos isso vai transformando nosso ambiente externo. Se não crêssemos nisso, nossa educação não teria sentido.

É o mesmo que fazemos nas escolas formais. Recebemos os cidadãos da sociedade para desenvolver-lhes as capacidades intelectuais, tornando-os ativos e capazes de transformar o meio a que pertencem, para melhor. Essa inferência é o que muda paulatinamente a estrutura social de uma cidade, de uma comunidade, de um país.

Quando adentramos à Doutrina através do estudo vamos adquirindo capacidade de amor, de compreensão, de perdão, de tolerância. Essas capacidades são percebidas no trato com o outro. E como uma grande corrente, se alastram, influenciam beneficamente os ambientes onde vivemos.

Esta é a base da doutrina espírita: uma vida de relações harmoniosas, compreensivas. O respeito ofertando-nos uma dimensão de vida mais equilibrada, mais tolerante, mais indulgente, maior solidária e consequentemente, pacífica.

 

 

 TÃNIA,

Doutrina Espírita, como qualquer filosofia, não pode deixar de priorizar o ensino doutrinário, como meta na formação, daqueles que realmente a procuram como suporte para o seu aprimoramento interior?

 

Realmente, como conquistamos uma melhora em nossas vidas? Compreendendo o que passamos, porque tais situações se apresentam a nós. Como chegar a tal compreensão? Através do estudo e do esclarecimento.

O homem em sua trajetória histórica não acordou um belo dia e descobriu que era capaz de grandes inventos e tecnologias. Tudo foi um processo de aprimoramento e de descobertas. Faz parte de nossa condição humana o desenvolvimento gradativo e cumulativo. Um conhecimento, uma reflexão nos leva a um novo conhecimento, a uma nova reflexão e assim por diante. Se hoje usufruímos um tanto de tecnologia é porque nossos antepassados passaram por situações de descobertas e de pensares constantes.

Todos passamos pela escola alfabetizadora para termos o domínio da estrutura da nossa linguagem. Erramos, escrevemos com uma ortografia rudimentar até adquirirmos capacidade plena da escrita e da leitura.

Assim é com a doutrina. Se não entendemos o que estamos fazendo aqui, como chegamos a este estágio de vida, se não absorvemos ainda como se dá o processo reencarnatório, precisamos aprender. Precisamos participar de palestras esclarecedoras, de cursos de aprofundamento, da leitura da codificação do ensino dos espíritos.

Todo aprendizado requer esforço e constância. Não seria diferente com a doutrina dos espíritos. Se desejamos seguir qualquer filosofia, precisamos saber o que ela dita, o que nos ensina, quais caminhos e oportunidades nos traz como meio de atingirmos nosso desenvolvimento. E isso, uma leitura superficial, um ouvir de uma única palestra não consegue nos dar. Por isso, damos tanta importância aos estudos doutrinários. A Doutrina dos espíritos é uma doutrina racional. Ela exige de nós reflexões, questionamentos constantes, pois eles nos trarão as respostas que tanto desejamos. Nos cursos, priorizamos o contato. Temos um programa de aulas, mas a experiência de cada aluno nos traz dimensões que os livros muitas vezes não tratam. O curso presencial nos aproxima, apresenta-nos uma dinâmica diversa daquele que busca o conhecimento sozinho através da leitura. Insistimos muito nisto. Em uma vez ou outra, em uma situação particular, podemos acessar o site e assistir às palestras, mas isso não substitui nem de perto estarmos ali presentes, usufruindo do ambiente de paz que se instaura na Casa espírita. A troca de experiências e de conhecimentos é sempre a melhor forma de adquirir conhecimento. E isso se dá durante os cursos de formação doutrinária.

 

          Encerramento de Curso Básico de Doutrina Espírita - 2008

                  Centro Espírita Casa do Caminho - Santana

TÃNIA, 

Os seus princípios básicos, acompanham com fidelidade essa procura, e colaboram verdadeiramente para o desenvolvimento integral do ser humano?

 

Na minha vida pessoal eu procuro sempre nortear-me pelos princípios nos quais creio. Seria hipocrisia de minha parte não buscar viver dentro dos princípios em que acredito. Nem sempre é muito fácil. Somos falíveis. A doutrina me deixa muito confortável, porque estou em um processo de autoconhecimento. Já passei por muita coisa em minha vida, mas não sofri todas as dores, não senti todas as alegrias. Sou apenas uma aprendiz e portanto, estou sujeita a erros.

Mas com segurança, norteio meus passos e minhas ações dentro dos princípios que adotei como filosofia de minha vida, que são os princípios da doutrina dos espíritos, ou seja, ser cristã. E como ser integral, não sou uma pessoa dentro do Centro Espírita e outra dentro de casa ou no meu ambiente de trabalho. Uma vez que internalizo determinados conceitos, eles fazem parte de minhas ações e pensamentos. Não há como dissociá-los. É desta maneira que a doutrina contribui para o aprimoramento de uma família, de uma sociedade toda, como disse ainda há pouco.

 

 

TÂNIA,

À medida que o homem cresce sob a ótica espirita e toma contato com as leis humanas, é natural que cresça moralmente e se torne um defensor dos direitos e deveres com o próximo?

 

Essa é a transformação que se espera. A partir do momento em que se professa uma fé, imagina-se que toda a sua existência passe a ser direcionada por tais princípios. A ótica espírita é a ótica do amor proclamado por Jesus há dois mil anos. Ao nos tornarmos cristãos, consequentemente somos defensores dos direitos e deveres do nosso próximo. É com ele que nos relacionamos, é com ele que aprendemos, é através dele que nos enxergamos como somos, com nossas deficiências, limitações e erros. Costumo dizer aos meus alunos nos cursos da Casa, que Deus nos envia exatamente aqueles que necessitamos para nos aprimorarmos. Se eles nos inflamam, é porque precisamos ser tolerantes, pacientes. Se nos irritam, é porque devemos aprender a ser compreensivos e amorosos.  Se são preguiçosos é porque devemos ter maior rigor em nossas ações, sem deixarmos de ser ternos. Enfim, tornamo-nos defensores da verdade e da justiça para todos. Compreendemos cada situação com a ótica da eternidade e vemos em cada uma delas uma oportunidade de aprendizagem, de prova ou de expiação. Não há como não entender esta dinâmica de vida. Como seres imperfeitos que somos precisamos de leis a nos guiarem as ações. Tal como agimos com nossos filhos quando ainda pequenos. Não mexa ali, não faça isso ou aquilo por que haverá conseqüências. “Se você colocar o dedo na tomada, vai tomar um choque!” Dizemos. Mas não dizemos isso a um adulto, porque ele já adquiriu conhecimentos suficientes para saber que se o fizer, o choque será uma consequência inevitável.

Assim à medida que tomamos ciência das leis morais, não mais infringimos as leis humanas, porque sabemos como nos portar dentro do respeito, do direito e dos deveres de cada cidadão. É uma conseqüência natural deste avanço.

 

TÂNIA,

Como se observa, com base nos princípios doutrinários, será sempre natural e conveniente a adequada utilização da mediunidade, como instrumento nas atividades espíritas.

Mas, a atividade-fim de toda instituição espírita, contudo será sempre a prática da caridade, no seu sentido mais abrangente, incluindo necessariamente o estudo e a difusão do Espiritismo?

 

A princípio todos somos médiuns. Uns são mais estáticos, outros mais dinâmicos. A mediunidade dinâmica é uma ferramenta que nos auxilia no trabalho de aprimoramento. Mas não é um fim em si mesma.  É um meio. A prática da caridade é uma conseqüência da nossa transformação intima. E esta, por sua vez, só se adquire através do estudo e do esforço íntimo em buscar a melhora.

O que acontece conosco quando nos deparamos com algo que nos felicita? Mesmo sem dizer uma só palavra, osso semblante acusa nossa felicidade, nosso equilíbrio, nossa serenidade. Essa é a melhor difusão que o Espiritismo pode contar. A transformação de uma pessoa se torna perceptível e todo mundo que saber o que causou tal mudança. Podem ser céticos a princípio, mas o homem, curioso por natureza, busca saber um pouco mais a respeito da doutrina que nos deixa mais felizes, mais equilibrados, mais serenos. Nem por isso deixaremos de fazer a difusão através dos meios competentes.

A doutrina dos espíritos exige reformulação de ações e de pensamentos. Mais uma vez, não se adquire tal conhecimento sem estudo permanente. A casa espírita tem a função de atender aos que nela vêem uma consolação para suas dores e seus problemas. Esse é um princípio cristão. Atendemos essas criaturas nos plantões, encaminhamos à terapia dos passes e às palestras para aquisição de conhecimentos e esclarecimentos dentro da ótica espírita. Com o tempo, os cursos darão a essas pessoas o aprofundamento necessário para torná-las espíritas na condução de suas existências. Esta é a difusão que buscamos.

 

TÂNIA,

Os esclarecimentos e ensinos da Doutrina Espírita se constituem, na existência de DEUS, existência e imortalidade da alma, comunicabilidade com os Espíritos, reencarnação e leis morais. Tudo para o conhecimento espírita. Você acredita que, a despeito da incapacidade humana de compreender ainda esse processo de comunicação, contribui com todos os avanços da civilização?

 

Com toda certeza. Ainda há pouco falávamos da mediunidade. Um dos papéis da mediunidade é a de trazer inspiração aos nossos cientistas, estudiosos da tecnologia, da psiquê humana. Enfim a todos os que detêm em suas profissões a busca de inovações, de avanços. Muitas vezes estas criaturas são absorvidas por uma força, uma luz, como costumamos dizer, e criam desde novas teorias para avanços no campo das ciências, como de novas expressões no campo das artes, da sociologia, da política. De onde surgem tais capacidades?

Os mais belos poemas, leituras complexas a respeito do próprio ser humano, sinfonias que elevam nossa alma, não seriam uma prova desta comunicação constante?

É comum sermos brindados com o virtuosismo de um jovem semi-analfabeto tocando um violino. De onde veio tal conhecimento? A reencarnação nos responde isso com toda racionalidade.

E quando nos deparamos com um homem do campo, simples, rude até nos seus trejeitos, mas de uma sabedoria de vida invejável, questionamo-nos de onde veio tanta moralidade, tanta sabedoria, senão de uma vida anterior? Seria esta uma conquista da alma?

Ghandi, Madre Tereza de Calcutá são pessoas de uma capacidade moral incalculável. Pessoas que contribuíram de alguma maneira para o crescimento e reflexão de todo o planeta. Só para citar alguns.

Não precisamos saber porque vieram, a que vieram. Vimos, ouvimos suas palavras, seguimos sua vida e isto de alguma maneira nos fez crescer. E eles então, contribuíram para nosso adiantamento.

Jesus veio à Terra e nem todos creram nÊle. No entanto, seu papel foi fundamental para o aprimoramento moral de toda humanidade. Isso é indiscutível.

Independente de nós e de nossa vontade, graças à Deus, o mundo sempre receberá almas valiosas anônimas ou não na contribuição de nosso crescimento.

 

TÂNIA,

Divulgar a Doutrina do Consolador não é tarefa que se possa improvisar. O conhecimento da fonte da Doutrina Espírita, Evangelho de Jesus, o Cristo entendido em espírito, constituem esse roteiro, as regras e normas para serem atingidos os objetivos da vida?

 

Jesus é o exemplo que nos serve por excelência. Entender-lhe o percurso, a trajetória de vida, os ensinamentos formam o conjunto perfeito a ser seguido por nós como exemplo do que somos capazes se assim o desejarmos.

É preciso entender Jesus como um homem comum. Tudo o que Ele venceu, sofreu e passou, foi para mostrar-nos que qualquer um de nós que tivesse a mesma certeza, a mesma fé, poderia vencer como Ele venceu. Essa certeza nos é dada hoje em dia pela doutrina dos espíritos. Não é necessário passarmos por todos esses sofrimentos, mas se eles surgem em nossa existência, não serão mais obstáculos intransponíveis, mas sim, degraus de ascensão a serem conquistados.

Jesus é um espírito que passou pela evolução como nós estamos passando. Isso é o mais importante. Ele foi um espírito primitivo, passou por expiações e provas e desenvolveu-se até atingir o grau crístico. Como governador de nosso planeta veio ao nosso mundo falar dessa evolução. É lógico que Ele tinha condições de passar por tudo o que passou. Sua compreensão transcende até hoje a nossa compreensão, dada sua evolução. Mas Jesus foi criado como nós, simples e ignorante e seguiu os caminhos da evolução como nós estamos seguindo. Daí a  necessidade de nosso esforço para atingirmos nossa plenitude espiritual. É através de seu exemplo de amor incondicional pelo ser humano, que observamos o que é possível fazermos em prol de nosso adiantamento e daqueles que nos rodeiam. Felizes aqueles que o crêem e o seguem.

 

TÂNIA, 

Um fator que dificulta muito a difusão das verdades eternas do  Evangelho e doConsolador prometido e enviado por Cristo, são as ciências do mundo, que se deixam influenciar pelo materialismo. Não considerando o outro elemento do Universo – o Espírito.Esse fato poderá ser brevemente superado, com as revelações, as experiências e os fatos espíritas?

 

Isso já vem acontecendo. Existem núcleos de estudos na USP que desenvolvem palestras, cursos e experiências no campo da influência da mediunidade no desenvolvimento de fatores neurológicos, psíquicos, de interrelações e intrarrelações pessoais. Um desses estudos é desenvolvido pelo Dr. Sergio Felipe, neurologista e espírita, muito conhecido nos dois ambientes. Há também um grupo de médicos que estuda o poder da Fé na recuperação de pacientes, no Hospital das Clínicas. Há um grupo de cientistas e médicos espíritas que estuda e divulga tais conhecimentos, que formam o Mednesp, uma fundação de médicos espíritas.

O fim é descortinarmos os mistérios da matéria através do espírito. Não há como fugir disto. A ciência ao tentar se afastar dos preceitos espíritas acaba por comprová-los. É só uma questão de tempo.

 

 

TÂNIA, 

Mais além, a Educação Espírita ou como queiram o Ensino Doutrinário Espírita, sendo um processo de libertação, da maior importância, na medida que leva a compreensão dos valores fundamentais que compõem a existência da pessoa, ressalta a ética como disciplina mais importante, que deva ser observada com grande atenção?

 

A ética não é um privilégio da doutrina espírita, mas uma conscientização humana. Agora, é lógico que a doutrina sendo norteadora de valores morais, não poderia deixar de nos revelar a ética.

Quando falamos em ética, falamos da conduta humana diante das mais diversas situações. A ética norteia as relações humanas. É o respeito pela condição hierárquica profissional, é o respeito dispensado a alguém pela sua idade, por sua origem, por sua raça, por sua crença, por sua necessidade, por sua situação financeira, por sua intelectualidade ou por seu analfabetismo. Em suma, é o respeito pelo outro em todos os seus direitos, em todas as situações, sob quaisquer circunstâncias. A isso, chamamos de educação. A verdadeira educação resume tudo isso: respeito, ética, reconhecimento, valores, conceitos e moral, direitos e deveres. Se eu sou ético eu não critico, não aponto, não falo mal, não desrespeito. Ora, mas isso não é ser cristão?

A doutrina é assim. Ela nos ensina a sermos educados e acima de tudo, cristãos.

 

 

TÂNIA, 

Os espíritas têm consciência do grande papel que têm diante desse contexto. A Espiritualidade está confiante de que na sua totalidade, na sua integralidade, essa imensa tarefa,  haverá de contribuir para a emancipação do Planeta Terra?

 

Falarmos de totalidade, de integralidade é um tanto temeroso. Não podemos responder por todas as pessoas, por todos os espíritos encarnados e desencarnados. Há bons e maus espíritas.

Este papel cabe a cada cidadão do mundo. Espíritas, cristãos, judeus, muçulmanos, crentes, presbíteros, católicos, homens que realmente crêem na bondade e na responsabilidade que lhes cabe diante do mundo e do próximo. Estes todos serão os artífices de um mundo melhor. Ao final, não teremos mais estas nomenclaturas a nos separar. Seremos todos cristãos, compreenderemos nossa origem e nosso destino e trabalharemos em prol da evolução humana. A era do terceiro milênio, ou a era de mundo de regeneração está chegando.

A espiritualidade sabe mais do que nós essa verdade. A doutrina dos espíritos é esclarecedora, reflexiva, comportamental. Se os espíritos não cressem em seu próprio trabalho, não nos dariam os esclarecimentos que nos deram através da codificação.

 

 

TÂNIA,

O que a Doutrina Espírita acrescenta em sua vida, na vivência e como interprete dos ensinos dos Espíritos?

Deixe algumas considerações aos seus colegas de Doutrina Espírita.

 

A cada dia que passa, vejo que a doutrina provoca em mim algumas mudanças. Torno-me mais cuidadosa nas minhas palavras, nas minhas ações. Quando ainda não internalizei certos aspectos de minha personalidade, a doutrina me traz reflexões e cobranças íntimas. Reconheço quem sou. Sei o quanto ainda preciso de esforço diário para adquirir certos preceitos como parte integrante de mim mesma.

Ao mesmo tempo, a doutrina me dá tranqüilidade para enfrentar-me, reconhecer-me, libertar-me e desenvolver-me. Este equilíbrio já não me traz desespero. Sofro, choro, deixo minhas emoções eclodirem, mas com maior serenidade, provinda da compreensão que a doutrina me deu a respeito da vida, das vicissitudes e das relações em que me vejo mergulhada.

Essa certeza é que me impulsiona na interpretação do amor de Jesus por nós e da espiritualidade superior na sua orientação incessante a nos dirigir as escolhas.

Somos aquilo que queremos ser. Tenha, esta escolha, vindo de nós na espiritualidade, ou sendo fruto de nossas conjecturas atuais.

A doutrina é orientadora. Ela não é imperativa, não é dogmática. É antes de tudo, esclarecedora, consoladora. A doutrina nos mostra os meios e os caminhos a seguir para que o sofrimento não bata tantas vezes à nossa porta.

O resto depende de nós: da nossa vontade, do nosso esforço, do nosso tempo e do nosso ritmo. Cada um é responsável por aquilo que pensa, sente e faz.

Então, queridos amigos, que nossa estada neste planeta seja de esforços, de estudos, de esclarecimentos. De tentativas, acertivas e os erros, que nos elevem a vontade e a persistência, porque capazes de progredir e de alcançar dias melhores, todos o somos.

Obrigada, Lourenço, pela oportunidade e paciência em me ouvir.

Deus abençoe a todos nós!

                                                                      Louren Junior

 

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