Allan Kardec eo movimento espírita.

03/06/2011 11:53

 

 

Allan Kardec e o movimento espírita
 
Quando nos disponibilizamos a conhecer a personalidade de Allan Kardec, o seu estilo de se expressar, a sua forma contundente de se dirigir aos detratores e aos possuidores de moral duvidosa, começamos a perceber, claramente, o distanciamento que existe entre ele e grande parte do movimento espírita.
O fato de ler, ou mesmo estudar, “O Livro dos Espíritos” não é o suficiente pra gente conhecer bem o notável codificador da doutrina, posto que ali ele se limita a formular as questões aos Espíritos e a tecer comentários, em várias delas, mas restrito às questões em si. Em dois momentos, do LE, conseguimos perceber um pouco da excelência dele, quando lemos, atentamente, a Introdução e a Conclusão do livro.
Em “O Livro dos Médiuns”, também, ele se concentra totalmente no assunto e restringe os seus comentários apenas àquilo que o livro se propõe.
Ocorre o mesmo em “O Evangelho, segundo o Espiritismo”, restringindo-se ao clima do Evangelho e vem se abrir mais, com opiniões pessoais inclusive, em “A Gênese” e em “O Céu e o Inferno”.
Em “O que é o Espiritismo”, ele começa a mostrar o seu estilo e sua personalidade, nas respostas que dá ao padre, ao cético e ao crítico. Não é nada “bonzinho” e nem se faz de evoluidinho quando diante das ironias, das provocações e das insinuações maldosas. Muito pelo contrário, ele se comporta energicamente e não titubeia em utilizar-se de palavras como “ridículos”, “medíocres” e outras bem ao nível que mereciam aqueles que subestimavam a sua obra.
Em “Obras Póstumas” encontramos o codificador mais a vontade, não muito preso, necessariamente, a formatar a doutrina e sim a escrever mais, falando das suas experiências junto aos espíritas, ou ao movimento espírita do seu tempo, não se omitindo, inclusive, a falar dos erros, das falhas, dos absurdos, das contradições e até dos aborrecimentos que teve na convivência com ele.
Logo que eu comecei a estudar o Espiritismo, pra valer, lembro-me que o Josino Alves dos Santos, espírita conhecido no Pará, que na época convivia muito comigo, tinha um cuidado enorme em recomendar-me a não necessidade de ler “Obras Póstumas”, sob a argumentação de que não fazia parte da obra básica, não tinha tanta importância, remetendo-me a outros livros. A mesma orientação era dada por outras lideranças espíritas locais.
O que eu fazia? Não lia. Imaginava que a orientação do movimento seria luz não ofuscada, sempre.
Bem mais tarde que eu vim me interessar por ver o que continha neste livro, lendo-o com muita atenção, por alguém ter me pedido para que fizesse uma palestra falando sobre ele; foi quando consegui perceber porquê não quiseram que eu o lesse antes e entender as razões pelas quais grande parte do movimento espírita não o considera como um livro relevante, muito menos componente da obra básica, a ponto de nunca o colocar em destaque nas livrarias dos centros e, quando tem, colocam nas partes menos visíveis das prateleiras. Quase não se vende, ninguém fala sobre ele e, por conseqüência, o público espírita não toma conhecimento dele.
Ao comentar o referido livro com amigos afinizados com Kardec, como ele é, fui sugerido a olhar com atenção a “Revista Espírita”, que, inicialmente, para mim, parecia uma leitura cansativa, devido ao volume da obra, até que me indicaram alguns tópicos, quando ele falava especificamente sobre o assunto X, o assunto Y, o assunto Z, etc...
Foi quando comecei a perceber que o pensamento de Kardec e dos espíritos, inclusive sobre a prática da doutrina, não era bem dentro daquilo que o movimento espírita costuma fazer. Notei que ele era de um jeito e muitos espíri6tas gostariam que a gente fosse de outro; que o movimento espírita proibia, como proíbe até hoje, coisas que ele fazia e sempre fez, durante toda a sua existência enquanto espírita.
Uai, então resolvi me aprofundar na sua leitura, para conhecê-lo melhor.
Foi neste estudo que consegui uma resposta para um questionamento que existe no meio espírita, que muitos espíritas têm dúvidas, me perguntam o que eu acho, perguntam a muitos expositores o que eles acham e mantém dúvidas, sem saber a que conclusão chegar:
Chico Xavier foi Allan Kardec?
Eu vejo pessoas muito ilustres e conhecidas em nosso movimento espírita, como a Doutora Marlene Nobre, o Juiz Weimar Muniz, o Carlos Bacelli e outros defenderem esta idéia de que o espírito que animou Chico Xavier fora o mesmo que animara Allan Kardec.
Que conclusão o espírita, freqüentador de centro, vai chegar?
Os que amam demais o Bacelli, a Marlene e outros famosos expositores que defendem a idéia vão concordar imediatamente com ela, porque gostam dos que a defendem.
Muitos vão se basear no fato de não termos tido notícias de mensagens recebidas do espírito Allan Kardec, enquanto o Chico esteve encarnado. De fato, isto é algo bastante estranho e não é fácil alguém entender o fato de, logo ele, não ter se utilizado de médium nenhum, nem mesmo do próprio Chico, para mandar mensagem alguma ao movimento.
Não se vê, também, mensagens de autoria de outros espíritos, como Leon Denis, Flamarion, Dellane, Bozzano e os notáveis dos chamados clássicos espíritas.
Mas será que nenhum deles, tão entusiasmados que foram em suas épocas com a maravilhosa doutrina espírita, si disponibilizariam a continuar trabalhando por ela, no mundo, sabendo da necessidade e conscientes da importância das comunicações mediúnicas?
Aí alguns argumentam:
- “Ah, mas eles podem estar encarnados”.
Será que todos estariam encarnados? Todos no mesmo período?
Eu tenho uma resposta para isto e acho que sei muito bem o que aconteceu.
Acredito que os próprios médiuns espíritas, em nome da “humildade”, não deixaram que eles se comunicassem. Mas vejam bem: isto é opinião minha.
Mas como, Alamar, os médiuns não deixariam que espíritos se comunicassem, através deles? Afinal de contas eles não são médiuns? E médium não existe exatamente para se disponibilizar para que os espíritos se comuniquem através deles?
O que ocorre é o seguinte:
Os médiuns, em maioria, normalmente, só se consideram seguros e certos de que não correrão riscos, inclusive de serem repreendidos ou até afastados dos trabalhos, se receberem espíritos sofredores, porque sabem que ninguém vai criar caso com eles, por causa das comunicações.
Por mais que confiem nas suas mediunidades, quando vêem algum espírito que fora nobre, elevado ou famoso, entram num conflito enorme, saem do processo de concentração, pela argumentação:
- “Eu não sou merecedor de passar, pela minha mediunidade, mensagem de um espírito desse nível”
- “Eu sou um médium modesto e um espírito do nível de Fulano, jamais iria se comunicar através de mim. Só pode ser algum mistificador”
E entra nessa palhaçada desta humildade de araque, não permitindo portanto que os espíritos se comuniquem.
Mas, por outro lado, vamos que ele não se preocupe com nada e caia "na besteira" de dar passagem ao espírito e solte a comunicação.
Você já imaginou o que esse médium vai sofrer, na língua dos demais espíritas que fazem parte do seu grupo?
- “Ihhhhh, meu amigo. A dona Alice agora deu pra receber o Leon Denis”
- “Dona Alice, acho bom a senhora orar muito, minha irmã. Olha a vigilância”.
- "Achamos por bem afastar a dona Alice dos trabalhos. Ela está entrando num processo de fascinação e não é bom que incentivemos a sua vaidade."
É ou não é assim, em nosso movimento espírita, meu amigo leitor?
É por isto que eu digo sempre: o maior problema para o desenvolvimento do Espiritismo são os próprios espíritas.
Allan Kardec não iria poder se comunicar nunca, em mediúnica de centro espírita nenhum.
Se o próprio Divaldo, o nosso atual médium mais notável e respeitável, nos trouxer uma mensagem qualquer, como, por exemplo, o espírito identificando-se como sendo o Allan Kardec, você não tenha a menor dúvida de que grande parte do movimento espírita vai baixar o cacete nele.
Imagine um médium, considerado comum, de um centro espírita pequeno qualquer.
É por isto que eu reforço a minha opinião: Tenho quase certeza de que nunca deixaram que espíritos desse nível se comunicassem.
Não vamos muito longe. No congresso espírita da FEB, no ano de 2010, pelo fato do médium Paixão, ter trazido uma mensagem, cujo espírito se identificou como Juscelino Kubitschek, foi um “deus nos acuda”, no auditório do Centro de Convenções de Brasília e até hoje tem gente baixando o sarrafo na FEB, por conta daquela comunicação.
Espírita não admite que espírito famoso, elevado ou que seja nobre dê comunicação. É uma afirmação absurda, que parece sem sentido, mas é uma realidade. Só é válido se for espírito sofredor.
Agora raciocine:
Se os espíritos elevados não encontram espaço para dar comunicação nem num evento promovido pela Federação Espírita Brasileira, vão poder se comunicar onde?
- “Ah, mas os espíritos elevados evitam esses ambientes suntuosos demais e preferem as casas simples, pobres e humildes”. É o que, certamente, dizem alguns.
Será que os Espíritos Superiores, também, adotam essa hipocrisia de achar que todo ambiente confortável, de bom gosto, bem refrigerado e bem estruturado necessariamente representa a casa do demônio?
E qual é a casa espírita simples, pobre e humilde que vai ter um médium para ser besta e deixar passar uma mensagem, com uma assinatura nobre, sabendo do risco que ele vai correr, na língua de todos?
Gente, a coisa é complicada. Os espíritas não deixam os espíritos trabalharem, esta que é a verdade.
A humildade de fachada é um dos maiores entraves para o desenvolvimento do Espiritismo no mundo, o patrulhamento de espíritas em cima de espíritas é outra praga, que causa um verdadeiro inferno àquele que está disposto a trabalhar, mesmo com dignidade e seriedade.
Allan Kardec, apesar das orientações que nos passou, acerca do cuidado que devemos ter nas comunicações mediúnicas, nunca recusou a receber mensagem mediúnica nenhuma e, caso comprovasse algum conteúdo duvidoso, simplesmente se limitava a jogar no lixo, e pronto.
 
SOBRE O CASO DE CHICO TER SIDO O PRÓPRIO KARDEC
 
O que vou colocar aqui é opinião pessoal minha, posto que, em termos de reencarnação, não sei até que ponto alguém pode assegurar, com certeza absoluta, quem é a reencarnação de quem.
Quando criamos uma certa afinidade com a longa Revista Espírita, a gente passa a conhecer melhor o Allan Kardec, de uma forma como se ele estivesse fazendo palestras pra nós, falando diretamente conosco, percebendo-o falando livremente, muito a vontade, com a sua veia jornalística, até empolgado com a sua obra.
Aí passamos a absorver o seu estilo de se comunicar, as palavras que ele gostava de usar, a maneira como ele gostava de formatar as frases, os parágrafos, etc...
Até mesmo a maneira como ele se dirigia aos detratores, aos críticos, aos deboches, aos próprios espíritas que trabalhavam com ele na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas... enfim, a gente passa a conhecer Kardec.
Vou tentar ilustrar isto aqui:
Você que, como eu, gosta muito de escutar as palestras do Divaldo, e faz isto há muitos anos, mais de 20 ou 30 anos, suponhamos.
Faz de conta que alguém apresente para você, agora, uma gravação de uma palestra do Divaldo, mas com alteração eletrônica da voz e até do ritmo, para que você não perceba que seja a voz dele. Ao mesmo tempo, apresenta, por exemplo, uma palestra do também notável Richard Simonetti, com a mesma alteração eletrônica de voz e ritmo.
Com certeza você não terá a menor dificuldade em identificar facilmente qual é a do Divaldo e qual é a do Simonetti, não é verdade?
Dentre muitas palavras que o Di utiliza, ele sempre usa muito, por exemplo, o verbo "asseverar". Pronto, você percebe o estilo, o vocabulário preferido e um monte de detalhes na comunicação e no jeito de ser da pessoa.
Raul Teixeira tem as suas palavras mais usadas o seu inconfundível estilo, que muita gente acha que é exatamente igual ao de Divaldo, mas não é mesmo.
Voltando ao caso Chico e Allan Kardec.
Partindo do princípio que a doutrina nos ensina que o espírito quando desencarna, permanece com as mesmas características, os mesmos gostos, as mesmas paixões, as mesmas preferências e características, porque ninguém vira doutor se teve apenas o curso primário, etc... etc... etc...
O estilo que o Chico teve, apesar de ser aquilo que todos nós aprendemos a amar e a admirar, não teve nada a ver com o estilo de Allan Kardec.
Repito que isto não é uma afirmação de verdade, é apenas uma opinião minha.
Se você tiver a curiosidade de observar isto, arrume um tempinho para ir lendo a Revista Espírita, procure checar bem a forma como Chico falava, o jeito dele, faça as comparações e veja que conclusão você vai chegar.
 
Para concluir.
Vamos então procurar mais intercâmbio com os espíritos, vamos deixar os espíritos falarem a vontade, paremos com essa boba mania de Espiritismo sem espíritos e incentivemos a mediunidade, sem patrulhamento de médiuns.
 
Para encerrar este escrito
Que pode parecer conflito
Na cabeça deste escritor
Mas garanto meu amigo
Que está tudo bem comigo
Estou falando com amor.
 
Sobre tudo o que escrevi
Muito bem eu refleti
Pois é hora de pensar
Comprometidos com a verdade
Coerência e sinceridade
Não podemos mais errar
 
Respeitemos a mediunidade
Com os médiuns em liberdade
Para o espiritismo seguir em frente
Abandonemos o patrulhamento
E este mar de constrangimento
De um método tão incoerente
 
Mudemos o método então
Dando espaço à razão
Para o espírito se comunicar
Apreciemos então a mensagem
E a vontade formemos a imagem
De quem agora vai falar
 
O PESO DE UM NOME
 
Voltei cansado da vida
Que levei com desrespeito:
A rancores dei guarida,
Guardando-os fundo no peito.
 
Hoje estou bem mais tranqüilo,
Buscando a felicidade;
Se tudo fiz porque qui-lo,
Reverencio a verdade.
 
Ponto importante a cumprir,
Nessa busca do infinito,
É passar ao Wladimir
Este meu primeiro grito.
 
Sou Jânio da Silva Quadros,
Chegando doutras esferas;
Fui pintor de muitos quadros
De palhaços e quimeras.
 
Vivi com Dona Eloá,
Boa amiga e companheira;
E até do lado de cá
Eu a tenho bem faceira.
 
Entretanto, ao bom amigo
Que registra a minha voz,
Vou referir-me ao perigo
Que ameaça a todos nós.
 
Tudo o que for exagero,
Ou nos gestos ou nos atos,
Transforma-se em desespero
Que nos deixa estupefatos.
 
Passei antes por aqui,
Tendo escrito três quadrinhas:
Parece que consegui
Dar a idéia que são minhas.
 
Hoje volto remoçado,
Por ter sofrido na vida.
É que fui abençoado
Pela alma arrependida.
 
Tive algum tempo de sobra,
P'ra meditar no passado:
Fui mau, ruim que nem cobra,
Mas não me vi renegado.
 
Algum bem que desejei
Fazer para a multidão
Foi a prece que rezei,
No fundo do coração.
 
Dei bom curso à inteligência,
Procurei ser muito honesto;
Sofri da maledicência
Que dizia que não presto.
 
Por isso sofro um pouquinho,
Por causa da incompreensão:
Não há rosa sem espinho,
Nem amor sem frustração.
 
Peço a Deus bem firmemente
Que a humanidade me esqueça.
Eu rezo por essa gente
Sem miolo na cabeça.
 
Mas há quem vibre por mim:
São companheiros de luta.
Chegaram comigo ao fim
E o meu coração se enluta.
 
Contudo, nutro a esperança
De abraçá-los algum dia,
Ao final de sua andança,
Em meio a grande alegria.
 
Nosso médium desconfia
Deste estilo amarfanhado.
Pois não sabe que a poesia
Nos põe um pouco de lado?!...
 
De qualquer forma as lições
Que preciso ministrar
Se infiltram nos corações
Dos que me vêm apoiar.
 
Sinto ainda uma fraqueza
A penetrar-me os tecidos:
Trabalhar junto a esta mesa
Tem-me aguçado os sentidos.
 
Preciso fazer as quadras
De acordo co'o compromisso:
Navegante sem esquadras
Não fará jus ao serviço.
 
Quero pedir ao parceiro
Que destrua a quadra acima,
Pois pretendo estar inteiro
Até mesmo numa rima.
 
Ou então anote o verso
Por estar comprometido,
Dado que se fez o inverso
Do que pus em seu ouvido.
 
São cuidados sem sentido
Que me põem muito nervoso.
Noutra era, houvera rido;
Agora almejo outro gozo.
 
Já não posso retirar-me,
Sem abraçar este amigo,
Que desejou o desarme
Da prevenção p'ra comigo.
 
Vou chamá-lo de colega,
Por nós sermos professores,
Pois nosso barco navega
Nos mares das mesmas dores.
 
Sei que fui muito infeliz
Nestas quadrinhas que fiz
Com o coração na mão:
Ainda me recomponho
Daquele pesado sonho
Que me levou de roldão.
 
Mas bendirei os momentos
Dos meus graves sofrimentos,
Quando me tornei inútil:
Na cadeirinha de rodas,
Vegetal depois das podas,
Senti minha vida fútil.
 
Hoje, remôo os tormentos
Dos sérios atrevimentos
Que me arruinaram o soma:
Deus é quem nos dá a vida,
Para ser por nós vivida,
No fim, ele no-la toma.
 
Aí prestamos as contas,
Que já se apresentam prontas,
Sem que possamos mudar;
E, no fundo da consciência,
Sem alegar inocência,
Nós é que vamos julgar.
 
A pena que atribuímos,
Se choramos ou se rimos,
Aquela vamos cumprir.
Há um só subterfúgio:
É buscar algum refúgio
Na esperança do devir;
 
E fazer algum trabalho,
Mesmo que seja um retalho
Dos grandes feitos de outrora,
Pois é chegado o momento
De mudar o pensamento
E de pôr o mal p'ra fora.
 
Não sei se dei meu recado:
Deixe o meu nome de lado;
Pense só nos meus ensinos.
A glória é algo que passa,
Deixando muita desgraça:
Por nós ninguém canta hinos.
 
Vou dizer, com emoção,
Nesta forma de canção,
Que volto regenerado:
Passei horrores no Umbral,
Onde curti todo o mal
Do tempo mal empregado.
 
É, com suave alegria,
Que componho esta poesia,
Ajudado pelo irmão.
Ser simples eu desejava,
Mas o de que mais cuidava
Visava a dar sensação.
 
Porém, as dificuldades
Resultaram das maldades
Que encheram meu coração.
Hoje curto o sofrimento
De não ter o pensamento
Conforme minha intenção.
 
Por isso, o médium não sai
Deste círculo que vai
Fechando-se sobre si,
A demonstrar o egoísmo,
Que se fundia em cinismo,
Nos dias em que vivi.
 
Vejam só que, finalmente,
Transfiro para o escrevente
O que penso sobre mim.
Se demorar mais pouco,
Acabo ficando louco,
Neste tormento sem fim.
 
Quero pedir uma prece,
Já que minh'alma carece
Do auxílio dos protetores.
Vou pedir, com humildade,
Sufocando a crueldade
Da angústia das minhas dores.
 
Agradeço ao escrevente,
Por ter sido mui paciente
Com este que sofre tanto,
Pois forneceu-me as palavras
Que permitiram as lavras
Com que compus o meu canto.
 
Por Deus demonstro ternura
E espero cumprir a jura
Que fiz perante os mortais.
Fui, um dia, presidente,
Mas desgostei tanta gente,
Ao rejeitar os seus ais.
 
Vou contar, muito em segredo
(Da verdade tenho medo)
Porque foi que fiz aquilo:
É que esperava sair,
Para volver a seguir,
Com o poder mais tranqüilo.
 
Já chega de lorotice:
Tudo isto é esquisitice
De quem se julga escritor.
Digo adeus e vou-me embora,
Já faz tempo deu a hora:
Fiquem só com meu amor.
 
                                           (Mensagem Psicografada por Wladimir Olivier)

Com um forte abraço. 
 
 
Alamar Régis Carvalho
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