Sandra Luzia Fagundes Pegrucci

02/10/2010 10:48

 

Diretora responsável pelo Dpto. de Doutrina do

Centro Espírita Casa do Caminho – Santana

 

Sandra, o que a levou a se dedicar com tanto entusiasmo e dedicação à causa espírita?

 

R: Foi através do estudo, e tendo começado a trabalhar em grupos mediúnicos e no plantão de orientação, conheci um pouco mais do sofrimento e da dor daqueles que partem, levando consigo, a tristeza, o ódio, a amargura e, nesse processo, percebi que tanto os desencarnados como os encarnados precisam de muito amor e compreensão e, como aprendemos a “dar o que de graça recebemos”, abracei com muito amor as tarefas que se me apresentavam, procurando dar o melhor de mim.

 

Sandra,

Espíritos inescrupulosos procuram a Deus, tanto como os honrados e os honestos. Quando nos referimos a esse aspecto muito delicado da Doutrina Espírita, ao excesso de rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismos, por parte dos responsáveis pelas instituições, você acredita que o problema é de direção, administração ou de nós mesmos? Existe(m) procedimento que mais se aproxima para fazer chegar aos homens a lúcida e inamovível base da Codificação?

 

R: Quando se pergunta de onde vem o problema, podemos responder que ele vem do próprio homem, pois sendo ele o administrador, advém dele, todos os enfoques enganosos que passa aos seus tutelados e, o procedimento correto de uma instituição é e será sempre o de indicar

caminhos, alargar horizontes, libertando os homens dos atavismos da ignorância e da presunção que predominam nos campos das experiências humanas, através do Evangelho de Jesus. Esse excesso de rigor que você comenta, é de alguns, pois a grande maioria já entendeu em parte as lições deixadas pelo Mestre. Sabemos que o conhecimento, como realidade básica da existência faculta o entendimento dos objetivos que devem ser buscados durante a encarnação, etapa necessária ao processo da evolução.

 

Sandra,

As Obras da Codificação constituem a base sólida da Doutrina Espírita. Qual sua opinião sobre o fato de alguns “pretensos” entendidos, ajeitarem interpretações ao agrado da cultura humana, inventar conceitos estranhos, incorporar crendices e superstições, ou explicar seus fundamentos sob a ótica da ciência oficial?

 

R: É inegável e incontestável que os livros da codificação são a base sólida da Doutrina Espírita. Porém, o homem traz ainda enraizado em si, os conceitos adquiridos em remotas eras, quando se tornava necessário construir nichos onde eram colocados deuses, reverenciar o Sol, a Lua, prometendo coisas e fazendo barganhas, para que tivessem paz e tranqüilidade e, ainda hoje, esmagados

por conflitos, o homem moderno busca mecanismos escapistas, em vãs tentativas de driblar as aflições, transferindo para outros a responsabilidade que é somente dele.

O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária para que os homens se libertem de dogmas e conceitos estranhos e, somente se consegue essa lucidez quando ele estiver disposto a se encontrar consigo mesmo, sabendo que é uma valiosa obra de Deus e tem dentro de si, os germes da sabedoria e do amor.

 

Sandra,

Tudo que se pregue, divulgue ou pratique sobre Doutrina Espírita, através dos que dirigem Casas Espíritas, de quem ensina de quem escreve quem psicografa, as editoras que investem em livros, correspondem verdadeiramente à expectativa daqueles primeiros que adentram a Casa Espírita?

 

R: Em alguns casos o que leva uma pessoa a buscar a Casa Espírita é a necessidade de maior entendimento dessa divulgação. Mas, na grande maioria, as pessoas procuram a Casa pela dor da perda de um ente amado, problemas de saúde, familiar, dependência química e outros tantos. As criaturas de nossos dias estão carentes de amor, carinho e respeito. Buscam aflitos, soluções mais compatíveis com a hora grave, reconhecendo a duras penas, a problemática que enfrentam. As soluções superficiais não lhes alcançam a grande inquietação que lhes aflora o espírito. Portanto, os livros, o atendimento, os passes, a busca do autoconhecimento faz com que essas pessoas descubram a paz e a verdade de um Ser maior, que não é só matéria.

 

Sandra,

Num estudo de Allan Kardec na Revista Espírita, se configura um “Alerta”, de que ele convencionou de chamar de “falsos irmãos e amigos inábeis”. Refere-se às atitudes irrefletidas de certos adeptos, que deixam de lado a prudência e agem com um zelo terrível pela Doutrina, gerando mais mal do que bem. Você acredita que exista o alastramento do farisaísmo moderno no Movimento Espírita?

 

R: Ainda existem irmãos que em nome de um bem maior, extrapolam em seus conceitos, não permitindo que se abram espaços para o novo. A vida é dinâmica, e aprendemos com a Doutrina Espírita que estamos em processo evolutivo, porém, quando soubermos nos relacionar e conviver com as diferenças, compreenderemos melhor a lição de Jesus. Ainda estamos a caminho e não no destino final.

Todos os que abusam do poder, da autoridade, seja qual religião professe, está contra o Evangelho de Jesus, que prega a humildade, a bondade e a indulgência. Todo ser que busque a verdade como base para sua vida, com certeza não se deixará levar por atitudes que não condizem com seu aprendizado. Como dizia Jesus: “Tenhamos olhos de ver e ouvidos de ouvir...

 

Sandra,

Podemos afirmar com toda segurança, a consciência da verdade espírita, está naquele que realmente a adota como comportamento de vida, como instrumento de reformar-se intimamente. Ou acreditar que somente praticar a Caridade de Jesus sem exercer o estudo aprofundado da Doutrina, será suficiente?

 

R: Conforme está no livro O Espírito da Verdade (Emmanuel/Bezerra de Menezes): “O mundo está repleto de cultura. Cultura no ensino, na técnica, na opinião. Mas a cultura da inteligência não resolve o problema do egoísmo. Para que a chaga da ignorância, a sombra da cobiça seja extinta, para exterminar o monstro do egoísmo que promove guerras, para sanar o verme do desespero que promove a loucura, o único remédio eficiente é o Evangelho de Jesus no coração humano”.

Sim, o homem precisa com urgência promover sua renovação interior. Sejamos valorosos, estendendo a Doutrina Espírita que o desentranha da letra, na construção da Humanidade nova, irradiando a influência e a inspiração do Divino Mestre, pela emoção e pela idéia, pela diretriz e pela conduta, pela palavra e pelo exemplo”.

Parafraseando Allan Kardec, sobre o conceito da caridade: “Fora do Cristo não há solução”. É claro que devemos estudar, aprender, mas não esquecer de que estudo sem obra não nos leva a lugar algum ou ainda Jesus: “A fé sem obra é morta”.

 

Sandra,

O adepto da Doutrina Espírita, (ou Espírita como queira) bem ou mal conhece seus princípios básicos. Por vezes julgamos apressadamente e não perdoamos. E, até por comodismo, atribuímos nossa responsabilidade a outrem ou a fatalidade. Onde fica: a Lei de Causa e Efeito, (representação da Justiça Divina), e o - Livre Arbítrio, (capacidade de tomar decisões). Trata-se do velho tema da reforma intima tão falado e tão pouco exercitado?

 

R: Bem, se formos realmente falar do Espírita em sua concepção real, não acredito que ele ainda use desses subterfúgios de culpar alguém por acontecimentos funestos. Quanto ao velho tema da “Reforma Íntima”, ela deve ser a referência prioritária na melhor assimilação do que propõe a finalidade do Espiritismo. Devemos ter em mente que quando a pessoa chega à casa espírita, vem em busca de ajuda para seus problemas íntimos. Em um segundo momento, já busca o conhecimento doutrinário e em terceiro lugar, o Espiritismo brota de dentro dela para se espalhar no meio em que atua, gerando crescimento e progresso. E aí então, o entendimento e indulgência com os que o rodeia, já aprendendo a não julgar e a perdoar.

 

Sandra,

Religião, principalmente a espírita, não existe para tornar ninguém filosofo ou cientista, mas para formar homens superiores em inteligência e moralidade, voltados para a dor alheia, preocupados com o bem estar do semelhante seja ele quem for.

O que você pensa quando certas criaturas, que participam de um mesmo credo religioso, no caso a Doutrina Espírita, até mesmo por procedimentos políticos, interesseiros, ambiciosos, mascaradamente tentam afastar Jesus da Doutrina.

 

R: Penso que essa criatura está precisando urgente reformular seus pensamentos, rever seus ideais. Peço licença para reproduzir um pequeno texto do Livro Jesus e Atualidade – Divaldo P. Franco/Joanna de Angelis: “Jesus é a lição de vida que haurimos no Evangelho como convite ao homem que busca o progresso.

Ele não criou qualquer doutrina ou sistema e, no entanto, Jesus tornou a Sua vida o modelo para que o homem se pudesse humanizar, adquirindo a expressão superior. Enquanto os grandes pensadores de todos os tempos estabeleceram métodos e sistemas de doutrina, Ele sustentou, no Amor, os pilotis da ética humanizadora para a felicidade. Todo o Seu ministério é feito de humanização, erguendo o ser do instinto para a razão e daí para a angelitude. Referindo-se ao “reino” não o adorna de quimeras nem o torna pavoroso, antes, desperta nos corações o anelo de consegui-lo na realidade da transcendência de que se reveste. Jesus, na humanidade, significa a luz que a aquece e a clareia”.

Portanto, falar de Doutrina Espírita sem Jesus, é falar do mar sem água, do céu sem estrelas, do espírito sem luz...

 

Sandra,

A maioria dos Pais transfere para a escola a tarefa sagrada de educar os filhos, seja por falta de tempo, excesso de trabalho, comodismo, negligência, com graves conseqüências para o futuro. Educação e Família devem caminhar lado a lado, incluindo a Educação Religiosa?

 A Doutrina Espírita poderá auxiliar os pais na educação moral dos filhos, visando principalmente o progresso moral da Humanidade?

 

R: Com certeza, educação e família deve caminhar lado a lado, inclusive a educação religiosa. O amor deve ser a base do ensino. Disciplina excessiva leva ao caminho da violência. Egoísmo na alma gera temor e insegurança.

Portanto, devemos ter em mente que cada criatura é um mundo particular de trabalho e experiência.

Toda lição deve nascer do sentimento. Maternidade e paternidade são magistérios sublimes. O Lar é a primeira escola. Os pais os primeiros professores. A infância é o período em que melhor se aprende. O culto do Evangelho em casa é de extrema importância, na iluminação da mente em trânsito, para as esferas superiores da Vida. Impostergável, assim, o ministério preparatório das gerações futuras, guiando-as para Jesus, a fim de que se construa, desde agora, o “reino de Deus”, definitivamente, no mundo. Coloquemos no pequenino coração, a primeira semente. A presença de um Pai maior, de amor e misericórdia.  

 

Sandra,

Experimentamos hoje a reconfortante troca de impressões e idéias sobre problemas que nos são comuns.

Educados sobre os preceitos da Doutrina Espírita, nos vimos um dia investido da função e da cautela em não julgarmos apressadamente. Se por ventura atingimos uma posição privilegiada, de pessoas especiais e destaque no ambiente social, o conhecimento dos preceitos doutrinários é suficiente para não adentrarmos nesse terreno fértil para o cultivo do orgulho e da vaidade?

 

R: O Ser Espiritual é o que é, seja em posição privilegiada ou em posição humilde. Ele já traz em si, na consciência profunda, o seu verdadeiro eu e, se ainda age com orgulho e vaidade, é necessário que reveja seus preceitos, tendo coragem de enfrentar esse homem velho, trabalhando com indulgência para consigo mesmo, atingindo assim o patamar desejado, isto é, do verdadeiro cristão.

 

Sandra,

Allan Kardec admitia que a Doutrina fosse evolucionista e deve acompanhar o progresso da ciência, no conhecimento do Universo. Na questão 359 do Livro dos Espíritos,só se justifica o aborto em caso de grave risco de vida para a gestante”. Não seria admissível o aborto em “casos de estupro quando a concepção é resultante de um ato de violência contra a mulher, impondo uma carga psicológica que nem sempre a mulher tem a capacidade de suportar”? Considerando ainda que haja uma tendência mundial no sentido de se deixar a mulher decidir quanto ao que fazer, diante da gravidez, não seria correta uma revisão dos postulados espíritas nesse sentido, algo que o próprio Kardec admitia, sendo uma Doutrina evolucionista?

 

R: Quando Kardec disse que a Doutrina deve ser evolucionista, jamais cogitou em justificar o aborto. Deve sim a doutrina ser evolucionista no sentido do aprendizado e progresso constante.

A vida é patrimônio divino. Examinando-se a problemática do aborto legal, as leis são benignas quando a fecundação decorre da violência pelo estupro..., porém, a expulsão do feto, pelo processo abortivo, de maneira nenhuma repara os danos já ocorridos... Conforme nos diz Joanna de Angelis: “Na maioria dos casos o Espírito que chega ao dolorido regaço materno, através de circunstâncias tão ingratas, se transforma em bênção de luz, sobre a cruz de agonias em que o coração feminino se esfacelou”.

O aborto, portanto, mesmo quando aceito e tornado legal nos estatutos humanos fere, violentamente as leis divinas. Todavia, partindo do princípio cristão, de amor e caridade, deve-se respeitar as limitações e o livre arbítrio de cada ser e, acima de tudo, acolher esse coração feminino com muito carinho, pois a dor que essa irmã está sentido é infinita.

 

Sandra,

Muitos confundem “Espiritismo” com “Espiritualismo”.

O termo “espírita” tornou-se indicativo dos praticantes da Doutrina Espírita, no sentido mais restrito.

Temos presenciado através dos meios de comunicação, notadamente a televisiva, alguns credos já adotarem

veladamente alguns fundamentos verdadeiramente “espíritas”, como: “fé consciente”, frágeis debates sobre “reencarnação” e até mesmo publicação através de lideres de outros credos, “a influencia dos antepassados em nossas vidas”.Você acredita que mesmo veladamente ou de maneira dissimulada, a totalidade das religiões, se renderá as evidencias e fundamentos da “doutrina espírita”?

 

R: O espiritismo representa o Consolador prometido por Jesus aos séculos posteriores à Sua vinda ao Planeta. É uma extraordinária mensagem de Deus à Terra e se faz necessário aquilatar-lhe o valor.

Quanto à “influência dos antepassados”, e a reencarnação aprendemos que elas advêm da antiguidade.    

Encontramos relatos de manifestações espirituais desde os Vedas, da Índia Antiga, passando pela China de Confúcio, os mistérios nos templos egípcios; na Grécia o daimon” interior ou espírito familiar que, segundo Sócrates o guiava.

Platão que desenvolveu a teoria dos “mundos das idéias” muito semelhante a um mundo espiritual. Chegando ao Velho Testamento temos os fundadores do Judaísmo e suas constantes conversas com “Deus”, até o Novo Testamento que narra todas as manifestações realizadas por Jesus e depois por seus Apóstolos e muitos outros.

Quando nós compreendermos o sentido das lições maravilhosas da doutrina de amor, o Espiritismo terá concluído a sua sagrada missão.

 

Sandra, 

São comuns inúmeros companheiros, fazendo enormes esforços, em seus escritos ou nas tribunas, para convencerem a todos, de que a Doutrina é respaldada pela Bíblia. Caso esse respaldo não existisse, conseqüentemente a Doutrina, deixaria de ter o valor que tem? Será que a Doutrina da Codificação até esta data, não faz por merecer a confiança e a consideração máxima?

 

R: A Doutrina Espírita não precisa provar nada a ninguém. Ela por si só já se explica. Ela é libertadora. É a religião do Evangelho de Jesus para sublimação da inteligência e aprimoramento do coração. A Doutrina terá sempre o seu valor como filosofia, ciência e religião, pois não foi feita apenas por um homem, mas provado cientificamente por homens de sua época e espíritos de vários lugares, ao mesmo tempo.

É sempre interessante o conhecimento e a Doutrina Espírita, com base no Evangelho de Jesus, tem suficiente subsídio para as interpretações e contribuições mais claras e mais eficientes em torno da palavra imperecível do grande Codificador. A verdade que se mostra é o que é, porém, será longa a trajetória até chegarmos ao tempo de maturação daqueles que ainda não conhecem a Doutrina do Amor.

 

Sandra,

Infelizmente muitas vezes, contrariando os princípios doutrinários que abraçamos, somos levados a julgar, a criticar sem caridade nossos irmãos do caminho.

Iniciamos então, uma grave incursão por um caminho perigoso e estéril – o da crítica destrutiva.

Como nos livrar da busca da reforma intima do próximo com avidez, esquecidos dos deveres com sua própria consciência, com a ilusão do poder e, principalmente, com o respeito, a caridade e a tolerância, que devam ser cultivadas?

 

R: Infelizmente mesmo, porque somos ainda criaturas imperfeitas, a caminho do aprendizado. Porém, o Evangelho de Jesus nos dá orientação clara e segura a respeito do não julgamento. Precisamos primeiro cuidar de nosso quintal, para que sejamos melhores e, se pudermos ajudar nosso próximo, vamos estender as mãos, mas respeitando sempre a individualidade e limitação de cada ser.

 

Sandra,

A simples participação de uma corrente cientifica filosófica ou religiosa, não nos qualifica o bastante, há necessidade de uma “conscientização” dessa ciência,

filosofia ou religião. A Doutrina Espírita é luz, consolação e esperança. Ela veio na hora certa, para esclarecer a razão e auxiliar as religiões no entendimento da vida, do ser e do seu destino?

 

R: A proposta da Doutrina é clara e objetiva. Ela nos oferece os meios do melhor viver, do entendimento e compreensão do que somos e que depende somente de nós as escolhas que fizermos.

Somos hoje, criaturas mais abertas e mais disponíveis à criatividade do espírito. Gozamos de autonomia e liberdade mais ampla para a percepção do mundo e da construção de nossos destinos. Este é o momento no qual o Espírito assume seu lugar divino e a Doutrina Espírita veio completar o que Jesus já dizia: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

 

Sandra,                                                             

O estudo da alma humana é fundamental para obter a compreensão do mistério da existência e da sua finalidade. Uma vez provada a sua existência restava provar no mesmo espírito cientifico a sua sobrevivência à morte do organismo material que anima durante a vida terrena. A bibliografia é rica, as provas psicográficas, as notáveis materializações, além de muitos outros fenômenos extraordinários, provam de uma forma contundente que a morte é em última análise o prolongamento da vida nos mundos imponderáveis, sem nada perder de sua individualidade integral?

 

R: O homem é acima de tudo, Espírito, alma, vibração e a morte é o ingresso para uma outra vida, onde todas as ações estão contadas, e gravadas estão as menores expressões de nossos pensamentos.

Em desencarnando não entra o Espírito na posse de poderes absolutos. A morte é apenas uma modalidade nova da existência que continua e nós somos as mesmas criaturas com idênticos defeitos e as mesmas inclinações que nos caracterizou no mundo. Por isso a necessidade do estudo, pois aprendendo, compreendemos o mistério da existência e sua finalidade que é a evolução, nos libertando de erros passados.

 

 Sandra,

Por que a Doutrina Espírita, ainda não logrou fazer perfeitos todos os espíritas? A oportunidade dada pela Doutrina em fazer uma analise criteriosa de nossas imperfeições, nos dá a falsa impressão do progresso adquirido. No terreno movediço desta falsa impressão, quantas oportunidades não se perderam. Não nos teremos mesmos iludidos?

 

R: O Cristo nos convida para o aprendizado desde remotas eras. A Doutrina Espírita veio nos dar a lição mais explicitada, para aproveitarmos as oportunidades de agora, porém, não estamos sendo iludidos. Somos o que somos muito das vezes, por pura conveniência e comodismo.

 

Sandra,

O dialogo, o esclarecimento, a troca de idéias, de experiências, num ambiente fraterno é saudável une, ainda mais, os componentes de uma instituição espírita?

 

R: Nenhum de nós é dono da verdade. A verdade está em Jesus. Reflexão e diálogo, honestidade para consigo mesmo e para com o próximo e nosso esforço contínuo para identificar o limite de cada um, transformando

problemas em soluções, dificuldades em experiência e assim, os trabalhos vão se desenvolver com transparência e compreensão num ambiente fraterno não esquecendo da alegria e carinho para com todos.

 

Sandra,

Indubitavelmente a Doutrina Espírita nos leva, pelo esclarecimento, a pratica da solidariedade. (Assistência Social, da forma que melhor entendermos.). Você acredita que o “Problema Social” através dos ensinos dos espíritos, estaria resolvido definitivamente?

 

R: Acredito que todas as religiões pregam a solidariedade e o amor ao próximo, não sendo exclusividade da Doutrina Espírita.

Os problemas sociais se resolveriam através da união da sociedade como um todo. Onde há o desejo sincero de fazer o bem, o amor encontra-se solidamente instalado, fortalecendo-se gradualmente. Os ensinos dos Espíritos só vieram corroborar com a verdade do Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

 

Sandra,

Para que não se caia na impressão de que só as crianças podem ser puras e inocentes, dessa inocência que afloram o assombro e o encantamento.

A afirmação de Jesus; “Se não vos converterdes e não vos tornarem como crianças, de modo algum entrarão no Reino dos Céus”. Essa inocência nos conduz a espiritualidade?

 

R: O que Jesus disse foi que nos assemelhássemos às crianças, na sua pureza de enxergar a todos. Não que precisávamos ser crianças, na acepção da palavra.

Disse o Cristo: - “Deixai que venham a mim as criancinhas”. Profundas em sua simplicidade, essas palavras não continham um simples chamamento dirigido às crianças, mas, também, às almas que gravitam nas regiões inferiores, onde o infortúnio desconhece a esperança. Jesus chamava a si a infância intelectual da criatura formada: os fracos, os escravizados e os viciosos.

Queria que os homens a ele fossem com a confiança daqueles entezinhos de passos vacilantes, cujo chamamento conquistava, para o seu, o coração das mulheres, que são todas mães. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII).

O que nos conduzirá à espiritualidade maior é o empenho e perseverança em nos tornarmos melhores cada vez mais e, em nos tornar um dia “verdadeiros homens de bem”.

 

Sandra.

A Doutrina Espírita é clara, sensata, nos conduz a reflexão, a análise, daquilo que produzimos e daquilo que alimentamos, todos os seus fundamentos nos levam a compreender e respeitar o próximo, Você tem a mesma convicção de que a Doutrina Espírita “é o próprio Jesus”.

 

R: A doutrina codificada por Allan Kardec nos trouxe o esclarecimento e a verdade dos Espíritos, nos levando à libertação através do conhecimento da espiritualidade. Podemos afirmar que Jesus é o exemplo, o código moral a ser seguido por toda a humanidade, independente de credo ou religião.

 

Sandra,

Recordando as sábias palavras de Léon Denis no Cap. XIX de sua magnífica obra “O Problema do Ser do Destino e da Dor”: “Não discutas, pois, mas trabalha.

A discussão é vã, estéril é a critica. Mas a obra pode ser grande, se consistir em te engrandeceres a ti mesmo, engrandecendo os outros, em fazeres o teu melhor e o mais belo. Assim com “tuas mãos irás, dia a dia, moldando o teu destino”.

A sua vivência na Doutrina Espírita, como dirigente, orientadora preocupada com o bem estar do próximo,

com a dedicação e atenção carinhosa com seus companheiros de Doutrina, na verdade é o que você busca, lhe faz feliz, lhe agrada, lhe liberta, lhe consola? Diga a todos nós “vale a pena” toda essa dedicação?

 

R: Maravilhosas palavras de Leon Denis. Todos nós devemos trabalhar incansavelmente para nos melhorar, deixando de lado os melindres e as pequenas coisas que podem levar a perder um trabalho de amor.

Como disse anteriormente, a Doutrina Espírita esclarece, liberta e é isso que busco para minha vida. E sim, vale a pena o trabalho que procuro fazer junto aos nossos irmãos, não mostrando fórmulas mágicas e roteiros de felicidade, mas indicando caminhos que podem minorar o sofrimento e as dores por que passam e que depende deles, de suas escolhas o melhorarem suas vidas. E é gratificante ver no rosto de alguns, o alívio, a alegria de encontrar nesta Casa através das palestras, passe e estudo, o caminho que os levará ao entendimento e à evolução.

Vale a pena também, por sentir o carinho dos companheiros de Doutrina, que me ensinam e ajudam.

 

Aproveito a oportunidade para agradecer a Deus e aos fundadores desta Casa do Caminho, o ter aberto as portas para todos nós, que buscávamos o nosso cantinho de Luz.

Obrigada a você companheiro Lourenço por sua dedicação a todos nós e pela oportunidade de mostrar um pouco do que fazemos em nossa Casa.

Que Deus nos abençoe a todos.